PESAMOR
Quero cumprimentar
aos que estão por aí
com seus cigarros mentolados
cachaças baratas
pedras reaproveitadas
ossos roubados dos dentes de cachorros loucos
em quarentenas ancestrais há mais de ano
décadas
em cabines 103, 104, 105...
sanatórios hospícios
merda no ventilador e na parede da cadeia
- the profundis -
dizem algumas línguas
que nem os anjos e nem os demônios ousam interpretar
bigodes de Hitler debaixo de olhos tristes de Florbela Espanca
cabeças sobre rochas
travesseiros molhados
lágrimas aspirinas overdoses
e que quando lhes perguntam o porquê de tanta dor
sussurram friamente:
estamos mortos de tanto amor!