ACORDEI SEM MIM

Adormeci, eu.
Acordei sem mim.
Tentei me buscar,
Corri desesperado
Mas não consegui
Me alcançar...
Vi-me separando de mim.
Fiz-me hermético
Para não ver a vida passar.
Vi quando o infortúnio
Chegou para ficar.
Mas aqui ainda estou,
Pelejando para ir,
Esmaecido, mas com destemor,
Enojando o azul do céu,
Me sustentado na dor.
Rodopiando em círculos,
Engabelando a razão,
Entupido de tarjas pretas,
Cultivando ervas daninhas.
Num segundo senti-me paralisado,
Sem batimentos,
Meu coração me abandonou.
Meu mundo descolorido;
Vi o clarão de outra vida
Mais uma vez se aproximando,
Anjos descoloridos
E embriagados em frenesi.
Senti a última pulsação.
Minha respiração ofegante,
A existência nulificada, ausente.
Pássaros raquíticos com
Suas asas atrofiadas.
Adormeci lentamente,
Na quietude, feneci,
Desta vez para sempre...


 

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 07/03/2020
Reeditado em 22/10/2021
Código do texto: T6882199
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