Dor

Um pouco de som, um pouco de álcool, um pouco de cena

Tô sem e tô com, tô quieto no alto, tô sentindo pena

Oprimido pela liberdade de não ver que é capaz

Constrangido por aqueles que fazem tudo o que cê não faz

Insistindo no aumento, insistindo na letra

Desistindo bem lento, desistindo à caneta

Isso porque passa e não apaga não

Disso é claro que entende esse seu coração

Pode falar besteira e escrever o óbvio

Pode repetir, repetir e repetir

Você garimpa com esmero o próprio ódio

Você destrói mostrando como é construir

Do zero tira um nada poético

Do verso tira um nada enérgico

E quem lê se desafia a ler ainda

E quem vê se desanima com essa rima

Não tem coisa alguma a dizer

Não tem problema em reconhecer

Mas a dor se atualiza e se mantém

Mas a luta é com você e mais ninguém.