Falso Soneto (2) - Final Original

Ao beirar o mundo, o príncipe medieval

Faz da vida seu eterno castelo

Faz das formas variáveis suas constantes

E das donzelas, para sempre amantes.

Transforma a vida a seu querer,

Faz dos arredores seus jardins.

Faz das tulipas sua estrada de cortejos,

Vestindo de santo seus nefastos desejos.

Porém, indaga-se ao descer de seu pedestal

E ver, abaixo de si, um cenário banal.

- Quem és, ignoto baixo e vil?

O que mais queres além do meu doce olhar gentil?

- Nada quero em troca de sua atenção

A não ser, claro, uma humilde decisão.

Quero dar-lhe olhos para entender

O que nenhum romântico já foi capaz de ver.

(Novembro/2006)

Cynthia Funchal
Enviado por Cynthia Funchal em 08/10/2007
Código do texto: T686154