Falso Soneto (2) - Final Original
Ao beirar o mundo, o príncipe medieval
Faz da vida seu eterno castelo
Faz das formas variáveis suas constantes
E das donzelas, para sempre amantes.
Transforma a vida a seu querer,
Faz dos arredores seus jardins.
Faz das tulipas sua estrada de cortejos,
Vestindo de santo seus nefastos desejos.
Porém, indaga-se ao descer de seu pedestal
E ver, abaixo de si, um cenário banal.
- Quem és, ignoto baixo e vil?
O que mais queres além do meu doce olhar gentil?
- Nada quero em troca de sua atenção
A não ser, claro, uma humilde decisão.
Quero dar-lhe olhos para entender
O que nenhum romântico já foi capaz de ver.
(Novembro/2006)