Diabo
No meu peito moram mil demônios.
Demônios estes que eu sei e contei.
Por trás de uma palavra não pensada
costumam sair mais cem
sem medo de sofrer
e a costumeira consciência prender.
Muitos têm bichos presos no peito,
e as amarras se fazem por respeito
ao outro que tem a vida comedida
vida sem sal e muito merecida.
Azar dos que colocam seus bichos pra caçar
e seus demônios pra assombrar.
Eles são depressivos felizes que
possuem a tristeza da liberdade de viver,
mas não carregam o peso dos hóspedes infernais
que só nos fazem sofrer.
Acenda um cigarro,
chame o Diabo pra um papo,
Lhe dê seu gole de cachaça
e derrame sobre ele sua desgraça.
Depois do papo cabeça, não seja mal-educado,
agradeça e, se quiser, pode voltar a sua vida sem graça
ou organize todos os dias que esse diálogo se refaça.