Possessividade

Quando ela se olha no espelho

Não vê o seu corpo molhado ou seco,

Rugoso ou suave, sorridente ou triste

Quando ela se olha no espelho,

A primeira impressão é agressiva

De negar a essência, em prol da aparência

Uma ânsia tão vaidosa e perdida

Quanta beleza vai-se perdendo

Na maquiagem de um orgulho que não se maquia

Só importa ser alguém que impressione

- Quem és tu, pergunta lá do fundo dos olhos

E a resposta, quem dá é o corpo que se apronta.

A segunda impressão: a dúvida

É o corpo quem não se agrada da alma,

Ou a alma que não se acha no corpo?

A terceira impressão: a impotência diante de si mesma

Seus valores ofuscando a própria imagem

Profundo espelho, sempre o mesmo a representar

Agora é quebrado

Estilhaçado no ódio possessivo

Da mulher que sorri ensangüentada.

lucheco
Enviado por lucheco em 05/10/2007
Reeditado em 04/11/2007
Código do texto: T682461