No verão que se foi.

Sei que não importa a palavra exposta
Na escuridão de um olhar que desliza
Para amedrontar em disfarce
Um vazio celebrado num momento de paz
Tenho vontade de amar em silêncio
E partir na rota da noite em fuga
Degustando em partes os fragmentos das horas
Numa passagem que descola das nuvens
Sei que acontece uma dor crescente
Que atravessa os mares em ondas nuas
Como uma página molhada na chuva
E no íntimo foge da solidão latejante
Sei da página que respinga em gotas
Espero o tempo fluir
Na página que escorre livre
Debruçada no balcão da vida
A solidão que se abre em tempo
No orvalho trêmulo de temor em partes
Para uma saída ou retorno
Programando todos sonhos
Para uma vida quase livre.




 
Gernaide Cezar
Enviado por Gernaide Cezar em 24/11/2019
Reeditado em 24/11/2019
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