Em algum lugar...
Era Nove ou Dez Horas...
Não importa, ao certo...
Não se sabe.
Mas era alguma hora
Em algum lugar
Não se sabe...
Quando em um momento
Ouviu-se os gritos
De algum lugar...
Não se sabe
Mas contou-se os disparos
Em algum lugar...
Sua mente lhe dizia: Vá
Sua mãe lhe perguntava: Com quem falas?
Mas em algum lugar, não havia ninguém.
Ouviu seu avô dizer: Menino, corre pra não morrer
Sua tia gritava: Façam ele largar a arma
Mas não havia, não havia ninguém...
Em algum lugar...
No seu quarto...
Seu próprio refém...
Disparos, gritos, família...
Desespero, agonia...
No seu quarto...
Em algum lugar...
Seu surto...
Parou.
No momento em que disparou
Ninguém mais escutou
Pois já não havia ninguém.
Só havia você...
Sua voz...
De sua mente, mero refém.
Morto, porém vivo...
Calado, na única vez
Em algum lugar...
Já não havia pessoas para te ajudar...
Pois outrora, a arma estava...
E naquela casa...
Em algum lugar...
Todos...
A mesma arma havia acabado.