É VERÃO.
É verão, entre tantos, o mais belo,
O sol a pino,
Raiando o dia,
Os pássaros nas árvores a cantarolar,
De dor?
De amor?
De tristeza?
Enfim, quem saberá.
Ao longe as campinas verdejantes,
O rio caudaloso a fugir,
Correndo entre as pedras escuras,
Serpenteando em uma desconexa dança,
Em meu silêncio apenas observo,
E lá distante a vejo,
Ao longe, a beira do rio, próximo às águas,
Tão bela, uma jovem que se banhava,
Nadando de um lado a outro,
Brincando com as correntezas,
Mergulhando aqui e acolá,
Em sua pureza juvenil,
A mais bela entre todas as ninfas,
Banhando seu corpo esguio,
Nada é mais belo,
Nada é mais gracioso,
Os cabelos soltos,
Negros como a noite,
Fiquei apenas observando,
Apenas desejando,
Quisera eu estar com ela,
Brincar com ela,
Sentir o frescor de sua candura,
Mas, sou apenas uma imagem,
Um vulto qualquer,
Em um velho casarão abandonado.
A bela ninfa lá distante,
A correr e a brincar,
O sol a galgar o horizonte,
Anunciando o início de um ciclo,
Os pássaros aos poucos buscam seus ninhos,
E o rio caudaloso continua a fugir,
Suas águas ainda mais agitadas,
Gritando entre as pedras,
E aos poucos,
Os habitantes do dia,
Surgem despretensiosos e apressados,
Aqui e acolá,
E a bela ninfa que estava lá distante,
Desapareceu, assim, de repente.
Observo o dia com seus braços fortes,
A música dos boêmios nos bares,
O velho casarão iluminado pelo sol,
Refúgio dos insetos petulantes,
Um pouco a frente da varanda do casarão,
Lá estava ela novamente,
Com suas vestes de luz,
Voando ao sabor do vento,
Enquanto ela girava e cantava,
Os cabelos soltos,
Negros olhos como a noite,
Tornei-me apenas este observador cismoso,
Este poeta sem destino certo,
A bela ninfa a dançar em minha frente,
Até que, de repente,
Aquela visão mirabolante desapareceu,
E este poeta entristeceu-se novamente,
Na esquizofrenia de suas mais loucas imaginações.