Hipócrita Divino XI: O suicida e O Genocida

Coloco a mão em meu peito,

No respirar de um último leito,

A busca do mérito de um feito,

Me faço,

Me acho,

Me deito.

Olho para mim mesmo e a conclusão mais óbvia seria,

Que apesar dessa divina ironia,

Aos olhos do Senhor sou suicida,

E Deus é genocida.

Vivendo meu homem atual,

Dentro do meu mundo astral,

Meu mundo é cheio de armas,

Despedaçam o ser,

Mas juntam minh’alma.

O preço que eu pago por morrer diariamente,

É o stress causado na mente,

Mas qual cor pinta meu quadro,

Sendo que sou colorido ofuscado?

Para todos os meus eus,

Que dizem não ser meus,

Que se fazem de seus,

Nada é um adeus.

Me diz qual a cor que sou,

Qual cheiro exala meu pecado,

O encaixe do meu pedaço,

A cor que vê em meus olhos.

Pois minha armadura faz o sangue feder ferro,

Afiei minha espada com tanto esmero,

Eu espero,

Que meu castigo seja severo.

Minha coroa trincada de pedras reluzentes,

Reluzindo o carmesim entre meus dentes,

Meu sorriso apagado por ter que me matar,

Todas as vezes que eu errar.

A armadura traz peso,

Mas eu mereço,

Pois meu fardo é carregado por escolhas,

E eu preciso estourar todas essas bolhas.

Minha espada de rei brilha com o sol,

Brando como um governador piedoso,

Devo sempre ser um eterno farol,

Mesmo sendo o maior medroso.

Crescendo ao longo da história construí uma fortaleza,

Que precisou de suor e destreza,

Mas meu corpo cansado chora duas vezes mágoa,

Chora sangue pelo corpo e água pela alma,

Pois vencer dói a cada dia,

Me trazendo a epifania,

Um dia alguém me disse que por mais duro seja a guerra,

Que sempre sorriria.

Mas no final,

Sem eu,

Não sou ninguém.

Mas se ama,

Me deixe ir,

Se me ama,

Odeie minha partida,

Mas torça por minha liberdade.

Não adianta coragem insana,

Ser de única vontade,

De toda a vitória a verdade,

Eu fui covarde.

Nunca mereci,

Fiz por merecer,

E se tiver que mudar,

Eu mereço morrer,

Morrer-me-ei mais uma alvorada,

Para conhecer minha amada,

Fazer parte da verdade enganada,

Desse teatro vívido de morte,

Que sem sorte,

Faz a vida doer igual um corte.

De cada estrela Ele lembra o nome,

Se me colhe,

Me afasta do céu estrelado,

E mesmo assim,

Com todo meu pecado,

Lembrará meu nome quando estiver apagado?

Deus é genocida e me mata a todo momento,

Pois é um amor ciumento,

Que ciúma até a Morte,

Na sua mortandade morreu por mim,

Para que enfim,

Eu visse que não seria para sempre assim.

Eu morri,

Mas está doendo,

Enquanto errar,

Vou continuar morrendo.

Eu morri,

E morrerei muito mais,

Mas se respiro um novo dia,

É porque morri demais.

Eu morri,

E foi por amor,

Amar traz muita dor,

Ainda mais se for interior.

Eu morri,

Mas não quero mais morrer,

Morrer significa mudança,

E eu não quero retroceder.

Eu morri,

Mas sou imortal,

Toda vez que morro,

É resistência contra meu lado imoral.

Eu morri,

Mas é por bem,

Quero sempre melhorar,

A quem me convém.

Eu morri,

Como um ato de paixão,

Quem mais me amou,

Morreu em crucificação.

Eu morri,

Para pedir perdão,

Por todos os meus pecados,

E todos os meus amados.

Eu morri,

Pelo bem da minha aliança,

Quero sempre a chamar,

Para essa linda dança.

Eu morri,

Pelo bem do meu juramento,

Pois quero estar completo,

No dia do meu casamento.

Eu morri,

Porque eu não corro,

Talvez hoje eu morra,

Mas amanhã eu não morro.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 10/09/2019
Código do texto: T6741664
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