Salvem-se

Salvem a vanguarda

As estrelas decadentes

E as flores despedaçadas

Pelo vento

Salvem

As vozes dos indignados

A melancolia dos vivos

A vela dos mortos

E dos desesperados

Acendem

Salvem

Os cabelos descoloridos

De gente que não tem medo

De viver em pleno

Perigo

Salvem

Os cafés tradicionais

Os chás das cinco

Os loucos de saudades

Dos amantes escondidos

Salvem

O leite condensado

Os morangos dos agrotóxicos

As consequências posteriores

Ao livre arbítrio e suas dores

Salvem quem puder

Salvem

Os que soltam o choro

Os inquietos pensadores

Os que manifestam suas vontades

Sem medo das verdades

Salvem

Os inglórios

Os bobos da corte

Os sapatos pendurados

Como quem espera alguém

Que não volta mais

Salvem os poetas

Que fingem que é amor

Pra não ter que escrever depois

Sobre a verdadeira dor

Salvem a liberdade

Dos que teimam em acreditar

Que o mundo tem jeito

E todo o resto

Rezem

Claudeth Oliveira
Enviado por Claudeth Oliveira em 01/09/2019
Reeditado em 23/12/2019
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