Salvem-se
Salvem a vanguarda
As estrelas decadentes
E as flores despedaçadas
Pelo vento
Salvem
As vozes dos indignados
A melancolia dos vivos
A vela dos mortos
E dos desesperados
Acendem
Salvem
Os cabelos descoloridos
De gente que não tem medo
De viver em pleno
Perigo
Salvem
Os cafés tradicionais
Os chás das cinco
Os loucos de saudades
Dos amantes escondidos
Salvem
O leite condensado
Os morangos dos agrotóxicos
As consequências posteriores
Ao livre arbítrio e suas dores
Salvem quem puder
Salvem
Os que soltam o choro
Os inquietos pensadores
Os que manifestam suas vontades
Sem medo das verdades
Salvem
Os inglórios
Os bobos da corte
Os sapatos pendurados
Como quem espera alguém
Que não volta mais
Salvem os poetas
Que fingem que é amor
Pra não ter que escrever depois
Sobre a verdadeira dor
Salvem a liberdade
Dos que teimam em acreditar
Que o mundo tem jeito
E todo o resto
Rezem