O ESTRANHO CASO DE DR.JECKILL E SR. HYDE
O Sol surgindo, é alvorada,
Toda mulher merece ser amada.
Casa incensada pelos círios
Para mulheres campos de lírios...
O Sol se pondo, é crepúsculo,
Toda mulher ente minúsculo !
Casa incendiada em martírios,
Alvo : Mulher - Mire-o !
O Sol surge, oculto se esconde.
Tempo urge, mitigo as dores:
Dar amor, não ver onde,
Ser flor, exalar odores...
O Sol põe-se, lá se vai o pai,
Decompõe-se em animais.
O doutor será o Mal;
Sou horror! Serei pois qual ?
Tudo se faz exalando fumaça,
Trago fundo para ter os dois mundos,
Darei tapas, darei afagos,
Enquanto isso o tempo passa.
Oro a Deus,um orar profundo;
Oro, depois, também ao Diabo.
Dr. Jeckill and Mr. Hyde é obra de R.L. Stevenson, publicada em 1886, na Inglaterra. É um clássico do chamado Realismo Fantástico, o qual valia-se de fenômenos sobrenaturais para discutir certas peculiaridades humanas que, num contexto natural, seria considerada obra obscena.
Jeckill é médico e pesquisador científico, cria uma poção capaz de libertar o mal oculto em cada ser humano, queria provar assim, cientificamente, que o homem é bom e mau ao mesmo tempo, ideia que na época era considerada descabível, dada a moralidade vigente. Não é de se espantar, o romance de D.H. Lawrence, O Amante de Lady Chatterley foi proibido na Inglaterra até meados da década de 60 do século XX, tido como pornográfico.
Esse poema é também uma singela homenagem que faço ao ator Sérgio Cardoso que, num "Caso Especial" (teleteatro que a Globo realizava semanalmente), interpretou o médico e o monstro e muito me impressionou (tinha 9 anos na época), ao ponto de me fazer dormir com luz acesa por uma semana.