RUMORES NO SILÊNCIO
"Pela alegria tranquila de respirar e viver a quem, diga-me, devo agradecer ?" OSSIP MANDELSTOM (1891-1938).
Não sou o dono de mim,
Soo pelo vivo que não me pertence;
Suo, choro, morro enfim,
Embora não seja anuente.
Não soo como dono de mim,
Sou o ser vivo que não vive
O que houvera de viver -
Se flor, a de urtiga, não jasmim;
Se jardineiro, nunca lido livre.
O que sou não consigo conceber.
Não sou o dono de mim.
Não sei sequer me pertencer.
Não detenho-me a que vim,
Sou feito sino ao anoitecer...