RUMORES NO SILÊNCIO

"Pela alegria tranquila de respirar e viver a quem, diga-me, devo agradecer ?" OSSIP MANDELSTOM (1891-1938).

Não sou o dono de mim,

Soo pelo vivo que não me pertence;

Suo, choro, morro enfim,

Embora não seja anuente.

Não soo como dono de mim,

Sou o ser vivo que não vive

O que houvera de viver -

Se flor, a de urtiga, não jasmim;

Se jardineiro, nunca lido livre.

O que sou não consigo conceber.

Não sou o dono de mim.

Não sei sequer me pertencer.

Não detenho-me a que vim,

Sou feito sino ao anoitecer...

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 21/06/2019
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