Chuva de verão
Era o ritmo de mais uma tarde cinzenta
A fluidez nas calçadas, não permitia deixar um passado
As gotas frias mudavam a aparência
Do que um dia já foi uma tarde ensolarada.
Seres em seus tetos negros flutuavam pelas vias
Desembaçavam as vitrines, vislumbram os desejos
Nos vidros que deveriam estar um retrato de uma vida
É agora o mais brilhante dos palcos efêmeros.
Nos vãos, as correntezas levam as sujeiras da moralidade
Atores papeis prepotência
Paixões piadas presunçosas
Criadas calor inocência.
Céus!
Graças a ti, livro-me de tanta humanidade
Que tanto sufoca no ar seco da cidade
Desnodoa os olhos para enxergar a verdade
Faz as ruas limpas das comedias, das tragédias, das saudades.
Céus!
Aceita como presente, esses versos escusados
Deixa Apolo espalhar novamente os seus raios
De sua luz cintilante, precisam os artistas
Para depositar nas autênticas vias, algumas linhas de esperança.