LIBERTO
Sou eu assim, poço profundo,
Perdido em mil pensamentos?
Sou eu assim, mudo no mundo,
Só vivendo, escassos momentos?
Sou eu assim – e nem sou Raimundo!-
Refém do acaso, dos contratempos?
Sou eu assim, ventre rotundo?
Ou esquelético, temente dos ventos?
Serei eu, sonhos fecundos,
Brilhando no meu firmamento?
Serei eu, solo onde abundo,
Tronos de paz onde me assento?
Serei eu, em outros mundos,
Liberto – inda que em pensamentos?