Cão de latrina

Nos rastros dos próprios desejos,

Marcas da insígnia de um covarde coração.

Sobre quatro patas, de um só preceito:

Dos defeitos, nunca se pede perdão.

Sobrevive das migalhas do amor

Que lhe jogam pelas latrinas da cidade.

Servo leal da coleira vontade,

Não para, um minuto, de fareja-las.

Aconchega-se no asfalto pútrido

Com resquícios de longínqua integridade.

Encolher-se-á perante o gelo

Procurando aconchego

Nas frias noites de lobo solitário.

Quando vier tristes céus,

ou tarde de presunçosos sóis!

Faz o que é preciso!

Protege-se nos tetos de narciso,

Mas nunca faça de lá, sua morada.

Mesmo abatido, continua sua marcha.

Mesmo com sede de esperança, continua sua

fria

muda

andança.

As morais dos mais confortáveis lares

Por pouco tempo são agradáveis

Paixão do guerreiro de verdade

Não encosta em qualquer beira...

André M Carneiro
Enviado por André M Carneiro em 10/05/2019
Reeditado em 10/05/2019
Código do texto: T6643785
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