DORIAN GRAY E A MORTE EM VENEZA
Amaldiçoado retrato, maldito retrato !
Eternamente jov'encorpo especularmente destruído !
E que havia de bom?! Que havia de bom? Idoso era fato
E todos que amara houveram de ter partido.
Sabia-me podre, algo em mim deteriorado.
Confiava houvesse espécie de tendão de Aquiles.
Instava findasse este sempre como desfile
Para coisas que jamais puderam estar de lado.
Então, houve aquele veraneio em Veneza ...
A alma invadida ao passear no canal:
A gôndola ... o mar ... amor animal ...
Ou não ... um Apolo que destila belezas ...
E, pobre homem, a velhice a dar -lhe freios,
A censura moral, toda ternura deslavada
Em lavas calcinantes de anseios ...
O vulcão a dar - lhe provas de nadas.
Cólera ... febres, suores, lágrimas, luares,
Uivos lupinos, meninos, doridos, suplício,
Todo coração desfiado em teares
No tecido morte entrevisto no início ...