"A INCERTEZA ACABOU"


A incerteza acabou!
Alguém gritou;
Olhei pro lado,
Coitado! (ou não),
Estava nu;
De norte a sul,
Sobre um banco da praça central,
Fazia um discurso;
Eloqüência descomunal,
Quem por ali passava,
Parava e ficava a ouvir,
E até refletir,
No que o homem nu discursava,
E ele extasiado insistia,
A frase repetia;
- A incerteza acabou!
Pasmei então,
Ao ver a multidão,
Elevar suas mãos,
Muitas vozes,
Numa só voz se tornou;
- A incerteza acabou!
- A incerteza acabou!
...
O que mais me pasmou,
Não foi a uníssona voz do povo,
Muito menos o discurso nu,
Sob o céu azul,
Repleto de renovo,
Foi eu; tão senhor do meu ego,
Ficar ali, cego,
Um participante ativo do show.

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O homem foi recolhido,
Com a nudez e tudo,
O povo achou um absurdo,
Mas rapidamente,
Como se nada tivesse acontecido,
A vida voltou ao normal,
Uma certeza ficou;
A incerteza (não) acabou!