A MORTE É UMA SÉTIMA ARTE

A MORTE É UMA SÉTIMA ARTE

Marília L. paixão

Hoje não quero ler poesia

Não quero arte, não quero fogo

Não quero o belo ou a bela

Não quero vela depois de morto

Hoje está triste a vida

O vento

A sorte

A noite

Hoje eu não quero dormir cedo

Amanhã não quero acordar tarde

E depois da manhã também não quero morrer

Hoje eu só quero incomodar você

Minhas palavras foram secas pela umidade

A cidade está cheia de sons, mas os meus ouvidos estão desligados

E você que muito pensa em mim, hoje pensará dobrado

Só por ter ido ali e não voltado

Não voltei por estar enjaulado

O meu leão de fogo me devorou

Virei um assado

Não me toque

Estou queimado

Não me corte carbonizado

Não me arranhe

Não me chame

Nada ouço

Nada falo

Nada grito

Estou segurando um espirro

Estou a meio espaço da razão em que enlouqueço

Sem falar na emoção que insiste e chora do outro lado do alto muro onde não estou

Hoje não vou

Hoje não venho

Hoje não tenho tempo para mim

Hoje não tenho tempo para ti

Hoje eu não existo

Já morri

A morte é uma sétima arte em combate

Vive lutando em mim

As letras que resistem

Atrapalham o meu fim.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 18/09/2007
Código do texto: T657474
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.