SUBMERSO
Caí a chuva
Sorrindo lentamente
Molhando os cacho
De uvas
Transparente
De meus cabelos.
Os pelos da lua
Encharcados de magia
Encantam as estrelas
Sem fantasias.
Mas a chuva de tão teimosa
Insiste em beijar a rosa
Do tempo
Em pavorosa.
Lento muito lento
Meus olhos escutam as vozes
Do vento
Embriagado e sedento
De leveza.
Meus olhos apagados,
Meu corpo na mesa
Lavado de cerveja
Olham através da vidraça
Teu corpo debruçado
Tão leve que embaça
Meus desejos molhados.
Apago a luz dos sonhos
Escondo a lua
E toco madrugada adentro
Tua pele chuviscada e nua.