AQUELE SOCO NA CARA
Aquele soco na cara
Não tem justificativa!
Vontade vem que não para;
Se eu alimento essa tara,
Não fica nem sombra viva.
O desejo é de espancar
Até que sangre o destino!
Mas o que posso ganhar
Permitindo-me portar
feito insensato menino?
Aquela surra seria
Bela, pungente e fugaz:
A mão cerrada e vadia
Chocando a boca vazia...
Só vendo o estrago que faz!
A joelhada no plexo
impede a respiração;
O gancho explode, convexo:
O mundo fica sem nexo
E a presa fica sem chão.
Combinado, o cotovelo
desmancha o queixo e o moral.
Desenrolando o novelo,
Ignorando os apelos,
Desfiro todo o arsenal.
( … )
Mas, na razão submerso,
Rejeito a voz da vaidade:
Penso duas vezes, disperso,
Dou-lhe uma sova de versos
Pra amenizar a vontade.
Ai, que vontade!