Meu pequeno grande Inferno

Eu vago através do céu de escuridão,

Como um filho grotesco de Adão,

Assassino pai, filho, mãe, irmã e irmão,

A desgraçada salvação,

O sol é escuro como anoitecer eterno,

Vejo pessoas nus, de vestido, de terno,

E eu não acho que seja só um termo,

Nem mais me temo,

Ando por ruas estreitas,

De paredes mal feitas,

Com loucuras de seitas,

Com os males em espreitas,

É o sonho Dantesco,

O céu mais grotesco,

O sublime incesto,

Entre amar e me amar,

De querer me matar,

De querer me acabar,

Mesmo sendo imortalmente escritor,

Vivo de espectador,

Vivido descritor,

Que dá loucura cria a dor,

Meu maior ardor,

O agridoce sabor,

De viver de desamor,

Mesmo conhecendo amor,

O inferno existe e é presente,

Vive esgueirando a paciência da gente,

Impregnando a própria mente,

Que mente,

Constantemente,

Querendo o seu ovário maduro,

Manchando o puro,

E vós aturo,

Sou filho de prole da ira,

E quem diria,

Que o próprio demônio sorriria,

O inferno existe e perpétua,

Te tortura,

Ele cria o seu pior pesadelo,

O insano conselho,

A morte de um coelho,

O inferno é espelho,

Do que tem de temer,

Que faz você morrer,

Mesmo estando a viver,

Tira o que mais ama,

Te enforca na cama,

Afunda na lama,

É sua maior fama,

E de novo provém,

Num pensamento vem,

Destrói o que convém,

E vai além,

O inferno existe dentro do nosso coração,

Traz dúvida pra qualquer ação,

Criatividade é benção ou maldição?

O inferno vem da sua mentalidade,

Acende em qualquer idade,

Basta que pense de verdade,

Meu inferno vem do pensamento,

Destruindo meu juramento,

Fazendo ser o endiabrado ciumento,

Quero fazer cair em esquecimento,

Eu tento,

Eu tento.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 18/01/2019
Código do texto: T6554147
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