Consortes da Boemia

Quando se vê o caminhar na rua

Muito fácil é de se distinguir

À companhia da voraz Boemia

Que os boêmios hão de seguir

São os fortes e são os lúcidos

De viver em um mundo insólito

Sempre os ébrios e extasiados

De se existir em um lugar fajuto

São os companheiros da farra

Que tomam até furtiva torpeza

Que extraem da vida na marra

O tutano da mais nobre beleza

Sem a embriaguez nada se vê

Pois é ali que começa a vida

Que parte da sonhada lucidez

Para a fútil noite de partida

Com os velhos companheiros

Que consentem em exacerbar

Nesta noite que é dos últimos

Refugio dos que não tem lar

Nesta noite que, se não a ultima

É a primeira da vida de um rapaz

Pois cada trago traz novidade

E o esquecer que nos dá paz

É, dos nossos amigos, a noite

Casa dos consortes da boemia

Dos que não temem nem a morte

Temem apenas o chegar do dia