Kalashnikov

Hoje em dia não se tolera do outro a opinião

Almoço dominical tornado rinha de briga

Rede social que desune o amigo e a amiga

Onda de desavença que cega até a razão

Crê-se nos políticos mais que no amado

Como se por eles nunca se fosse enganado

Quando sobre as gentes se abateu a divisão

Pensei comigo no que poderia nos unir

Me surpreendi com o que me veio a seguir

No meio de tanta coisa que provoca a cisão

Há algo que une os extremos do Brasil

Ideias opostas se confabulam num fuzil

Bolsominions e mortadelas esta peça amarão

Uns pelo desejo de poder de fogo saciado

Outros pela ciência socialista tê-la inventado

Em sombrios tempos de um povo tão brigão

Por partidos e ideias feito marionete

Irmanado novamente na coronha d’AK-47

Celebremos todos juntos essa louca confusão

Seja em festa numa laje com tiros para cima

Ou no Araguaia, combatendo posição inimiga

Num país onde unidade parece mais ter não

Vozerio desentendido, caótica cacofonia

Precioso silêncio, raro, parecendo utopia

Mas até para isso temos catártica solução

Todos se calam antes do dez virar nove

Quando virem surgir uma Automat Kalashnikov

Eudes de Pádua Colodino
Enviado por Eudes de Pádua Colodino em 20/09/2018
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