Kalashnikov
Hoje em dia não se tolera do outro a opinião
Almoço dominical tornado rinha de briga
Rede social que desune o amigo e a amiga
Onda de desavença que cega até a razão
Crê-se nos políticos mais que no amado
Como se por eles nunca se fosse enganado
Quando sobre as gentes se abateu a divisão
Pensei comigo no que poderia nos unir
Me surpreendi com o que me veio a seguir
No meio de tanta coisa que provoca a cisão
Há algo que une os extremos do Brasil
Ideias opostas se confabulam num fuzil
Bolsominions e mortadelas esta peça amarão
Uns pelo desejo de poder de fogo saciado
Outros pela ciência socialista tê-la inventado
Em sombrios tempos de um povo tão brigão
Por partidos e ideias feito marionete
Irmanado novamente na coronha d’AK-47
Celebremos todos juntos essa louca confusão
Seja em festa numa laje com tiros para cima
Ou no Araguaia, combatendo posição inimiga
Num país onde unidade parece mais ter não
Vozerio desentendido, caótica cacofonia
Precioso silêncio, raro, parecendo utopia
Mas até para isso temos catártica solução
Todos se calam antes do dez virar nove
Quando virem surgir uma Automat Kalashnikov