UM LOUCO NO MEIO DA AVENIDA
Eu quero um minuto de paz
Um minuto e nada mais
Pelas guerras do dia a dia
Triviais e anormais e tão frias
Tão banais nos infernos da noite
Repletas de muita agonia
Essas brigas de valentia
Na cobiça do poder
Do querer e do queria
Eu não quero eu desejo um minuto
Um minuto de reflexão
Nada disso vai valer a pena
Não vou mudar a tua opinião
Com minha súplica
Pois tua réplica
Vai ser eivada de razões
Que a própria razão desconhece
Que o submundo não tece
Nos meandros de um grande crime
Que nos priva de gozos na terra
Quando é tão real essa triste guerra
Que se alastra e nos castra
Que de tanto acontecer nos faz gozar
De prazer e loucura de tanto ve e repetir
O ato de matar e ceifar uma semente
Que uma árvore um dia iria dar
Um bom fruto pra gente
Ter sombra e poder descansar
Um minuto de silêncio nas trincheiras
No meio dos edifícios e das pontes e buzinas
Dos carros que não param de passar
Tem um louco na avenida bem ali
Com uma bandeira tremulando
De cor verde e amarela
Que parece esta gritando:
Um minuto de silêncio
São as palavras que eu estou escutando
Mais eis que um tiro de fuzil
O abate e o cala
E um silêncio profundo se faz
E assim finalmente o moribundo alcança a paz