UM LOUCO NO MEIO DA AVENIDA

Eu quero um minuto de paz

Um minuto e nada mais

Pelas guerras do dia a dia

Triviais e anormais e tão frias

Tão banais nos infernos da noite

Repletas de muita agonia

Essas brigas de valentia

Na cobiça do poder

Do querer e do queria

Eu não quero eu desejo um minuto

Um minuto de reflexão

Nada disso vai valer a pena

Não vou mudar a tua opinião

Com minha súplica

Pois tua réplica

Vai ser eivada de razões

Que a própria razão desconhece

Que o submundo não tece

Nos meandros de um grande crime

Que nos priva de gozos na terra

Quando é tão real essa triste guerra

Que se alastra e nos castra

Que de tanto acontecer nos faz gozar

De prazer e loucura de tanto ve e repetir

O ato de matar e ceifar uma semente

Que uma árvore um dia iria dar

Um bom fruto pra gente

Ter sombra e poder descansar

Um minuto de silêncio nas trincheiras

No meio dos edifícios e das pontes e buzinas

Dos carros que não param de passar

Tem um louco na avenida bem ali

Com uma bandeira tremulando

De cor verde e amarela

Que parece esta gritando:

Um minuto de silêncio

São as palavras que eu estou escutando

Mais eis que um tiro de fuzil

O abate e o cala

E um silêncio profundo se faz

E assim finalmente o moribundo alcança a paz

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 21/08/2018
Reeditado em 21/08/2018
Código do texto: T6425415
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