Sobre a terra
Estamos aqui
Nos debatendo para viver
Fervilhando nas reentrâncias da superfície de uma esfera
Transitando por entre suas nervuras
Enlameando sua casca com nossas perfídias
Modificando sua crosta vívida com esterilidade
Estamos aqui
Escondendo-nos por entre os seus acidentes
para surpreender os semelhantes
Urdindo em seu lado às escuras por algum domínio
Disputando pequenos poderes
Sobre trechos de sua face
Estamos assim
Como se criados para povoá-la com nossas mazelas
Como se existíssemos para castigá-la por sua beleza
Indignos das oportunidades de redenção
Malignos, como se fosse ela a ter coração
Estamos aqui
Até que algo ou alguém por fim diga o não