POEMA DA ÚLTIMA HORA
Quem assumirá minhas variantes
Se por acaso eu morrer antes?
Quem vai chorar atrás da porta
Sobre a minha carcaça morta?
Quem rezará uma toada
Por minh’alma atormentada?
Quem lamentará que não lhe fiz um filho?
Ou que não lhe compus um estribilho?
Quem reclamará, gentil senhora,
Se eu partir depois da hora?
Berrando, com fino faro:
Já vai tarde! Custou caro!
Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
*Os dois últimos versos são do mestre Vinicius de Moraes.
A estrutura é de um soneto, mas sem métrica.