O PALHAÇO

Torne-se um palhaço de circo.

Profissionalize-se.

Ao palhaço tudo é permitido,

entrar em cena,

inventar uma boca para as crianças,

oscilar no trapézio sobre a jaula do leão,

esquecer todo o recato

e arriar a calça balão.

Ao palhaço tudo é tolerado,

vestir-se tal qual um anjo,

ignorar o próprio sexo

dentro da ceroula canção,

assimilar o conceito simples

do chute no traseiro

para doar o melhor de si,

sua não identidade,

flor postiça na lapela.

Qualifique-se palhaço de circo.

Só o palhaço pode adequar-se ao ridículo,

criar um lar de mascarados,

pôr ordem na casa,

levar pão e circo a vida inteira

e deixar como fetiche de família,

o nariz framboesa.

DO LIVRO:"BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 29/05/2018
Reeditado em 19/06/2018
Código do texto: T6349850
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