Fantasia
Com um pouco de imaginação, durante a confecção daquelas enfadonhas matérias policiais, consegue se ver na condição de um escritor, em seu provável leito de morte, ostentando uma caneta e um caderno puído e borrado. Sucumbido pelas enfermidades, tenta reunir as últimas forças para compor sua obra derradeira e gradativamente, os fatídicos assassinatos, assaltos e estupros adquirem uma conotação distintiva, sobressaindo mostras de inventabilidade e conteúdos menos nefastos.
Agora, entorpecido pelo encanto da ilusão, está a desbravar horizontes desconhecidos e por poucos minutos, consegue se tornar um escritor de verdade, até chegar a hora de avançar para outro plano, afinal, todos estão fadados a morrer! E partirá, levando consigo a certeza de que cessação mesmo seria: renunciar a tal fantasia!