POEMAS Dos JOTAS
PRIMEIRO POEMA (Poeta João) Parte de uma carta para mim.
Às vezes você se sente só no meio do mar...Sem direções, sem um caminho...O vento é bom, o céu é lindo, mas sempre tenho medo
por estar sozinho, se sozinho está, porque o mar tem tanta vida?
E porque esta vida não tira a solidão? Porque não são como você ou
porque você não é como eles? Pensa em se jogar ao mar e deixar o corpo levar, porém, isto em nada vai te transformar, não é nada além de desistir... E se desistir como irá descobrir se esse mar sem caminho pode levar? E se levar... Apenas reze para que não seja o "fim".
SEGUNDO POEMA (Poeta Jasper) ao poeta João
Só não sei ainda a dimensão de tocar
Com exatidão o céu com as mãos...
Uma perda uma baixa
A verdade é que não tem dinheiro suficiente em caixa
Pra te trazer a pessoa quem você ama do volta
E elas são como cascas de ferida
Se ferem em vida e cicatrizam
Caem de nossas peles e como um quadro na parede
Deixam o parafuso exposto da dor do vazio
E de repente somem se escondem de nós...
Partem pra um outro território a devir
Onde o peso ostracizado deixa de existir...
Assim como o mar nada está parado
Tudo está em alerta borbulhando interiormente
O tempo passa as pessoas dormem
Estamos dentro do livro da vida
E o tempo é esta traça que nos consome
Todos os seres que possuem nome ela os abate
Já nascemos morrendo dentro de algo reverso
E como algas marinhas estamos submersos
Profundamente imersos na solidão das marés
Assim seguimos sem rumo sem nada concreto neste viés
Na maleabilidade ilusória de pensarmos que existimos
Vibramos como vibra o nada a nada se igualar
Que pensamos existir, mais até mesmo a profundidade do nada
Passa a interferir na vida qual a sombra que testemunha a luz solar...
Na tentativa de escapar de mim busco o mar
Mais seu abraço pode me levar para um lugar desconhecido
Um Lugar entorpecido onde o vento não se aninha
Lá onde a agulha humana não chega
Na Linha do horizonte onde se beija a paciente fermentação
Da inocência furtiva da uva em floração
com a rubra embriaguez da vinha crepusculizada em exaltação...
Papai me dizia: Cuidado filho...mar não tem cabelo
E este lugar não é dentro de você que tem um olhar de espelho
Que me traz de volta toda vez que penso em partir
Há um canto de sereia e na areia deixo pegadas
Entre tantas outras perdidas e sem rumo nesta estrada do presente
Onde está o futuro se ainda não encontrei o colo da mulher amada?
Onde está o futuro se não numa folha ainda não caída
Numa lágrima ainda não molhada
Numa criança ainda não gestada
Numa perda ainda não sentida
Onde está o futuro
Em cima de qualquer muro
Subindo ou descendo a escada?
Cativos estamos nesta terra repelente
No espaço incremente
No mar reticente
No ar fremente
Estamos incessantemente presentes
E não temos por que duvidar da vida
Deus é tão absurdamente grande
Que tal como o mar, o céu, a terra e o ar
Cabe dentro da gente e ele é o nosso lar
Onde não podemos duvidar
Que há vida dentro dele em tudo quanto é lugar...
*Motivos do poema em duo
Segue parte da carta de João ao poeta Jasper.
-Eu vim te agradecer por me mostrar teus poemas! Eu achei que essas coisas não ajudassem, nem me importava, mas, aquela sua poesia naquele dia de luto...Me mostrou a força e a beleza de tudo isso, quando eu me senti mal, eu escrevi alguns poemas e eu realmente me senti incrível...
Obrigado poeta João seja bem vindo ao nosso mundo.
Jasper Carvalho