Redemoinho
Sou um olhar que dispersa sem notar
Uma estrada de curvas acentuadas sem rumo
Sou meio copo cheio
Sou uma taça vazia
Sou meu porre de cada dia
Sou um grito, sou de histeria
Sou sombra, sou a ousadia
Eu sou um dilema a discutir
Uma ideia a surgir
E no meio do nada,
Não venha me seguir
Sou meu próprio medo
Embrulhados nos meus segredos,
Nos muros rebocados
Sou minhas lamentações
E nas vias duplas, tenho convulsões
Sou recaída, na dança sou pista
Entorpecida, vida bandida
Sou meu remédio, sou minha perdição
Nesse vazio, sou inquietação
Sou meu próprio ritual
Sou meu livro de cabeceira
Em dia de tempestade
Choro com vontade
Sou sim, uma lanterna oscilando
Meio vida, meio apagada
Uma vela queimando
No terreno abandonado
Invadido. Corrompido,
Sou minha própria casa
Sou a solidão, dessa estrada.
Sou coração vagando
De porta em porta
E no fim do dia
Eu volto pra mim
Nessa meia lua, sou pássaro a voar
Sem ninho para pousar
Só fico se nesse redemoinho
O amor, eu encontrar.