CORES
Pintar-me-ei nas cores mais vibrantes,
Desfilarei nuances e tons na tela de teus olhos.
Notar-me-ás em todos os ocultos mistérios,
Escondidos desde a minha criação
Aos teus olhos cegos, ao teu pálido juízo.
Meu corpo, como aparição,
Ser-te-á a mais perfeita pintura,
La madona negra esculpida a carvão
Acesa em brasa à tua combustão...
Esquecerei teus frágeis votos de paz,
Invadirei teus flancos, tomarei os teus sentidos.
Até que, inglório em tuas lutas e remido,
Renda-te às forças ígneas de minha sedução.
Mudarei os rumos de tua história e,
No falso abismo deste teu pudor, far-te-ei amor.
Clonarei minha imagem, nua e multicor, na tua memória,
Sem que possas deletar-me de teu coração.
Far-me-ei latente em tuas sinapses cerebrais,
Em teus sonhos quentes, como em termais.
No fundo de teu lago inconsciente,
Render-me-ás teus insanos rituais
Em gestos profanos à minha pictoricidade
Até que derrames em minhas cores quentes
Tua louca devoção, renitente e difusa
E te quedes, enfim sublimado,
Coberto de cores, tons e luz,
Ante a idolatria a esta tua musa.
By Nina Costa, in 08/04/2018
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.