Besta sadia
Se dou cores à loucura
Se vejo cura na doença
E ainda, se não vejo doença na loucura
O que diria a psiquiatria sobre este fato eloquente?
Pouco são os loucos que sabem sobre a loucura.
Sei sobre as sombras
Já me encontrei com algumas e dei cor a elas
E no pano de fundo dessas mais escuras
Há muita loucura.
Esta besta sadia
Que não é manicômio teatral
É a mais pura espiral
Que me leva ao princípio de ser...
Quem eu sou.
Mais que maluquice é essa?
Que me faz querer dançar nas incertezas
Me faz querer cantar para a tristeza
Que anomalia sadia
Voltar a ser criança no mundo que se perdeu
Que distúrbio sincero
Correr com os pés descalços no chão que se esqueceu.
Eu sei! Não passo de um facundo neste mundo tão normal.
E se dou cores à loucura
Sou irreal
Se vejo cura na doença
Sou radical
E ainda, se não vejo doença na loucura
Me acham civilmente incapaz.
Porque de louco basta eu.