EU, EU TAMBÉM SOU SÍRIO

“Ode à indiferença do Mundo”

Ó Vós, poderosos do mundo em delírio,

Que estais dormindo na vossa indiferença,

E permitis que haja tal martírio –

Reparai bem que eu, eu também sou sírio –

E exijo que acabeis com tal desavença!

Não há pior guerra que guerra entre iguais

E, pior que esta, é aquela que vem de fora

Provocada por interesses e vícios tais

Que esgotam os recursos essenciais

Daquele país que há muitos anos chora…

Não há pior guerra que guerra simulada

E, pior que esta, é aquela da cobardia

Fingindo paz mas sempre mascarada

De vãs promessas em cada madrugada

E em vez de protecção fazer razia…

Não há pior guerra que guerra traiçoeira

E, pior que esta, é aquela da fealdade

Dizendo-se humanitária e justiceira

Deixando toda uma nação inteira

Na trágica miséria e sem liberdade…

Ó Vós, poderosos do mundo alucinado,

Que vos julgais senhores de galardões

E vos sentis num trono engalanado

Continuais a ter o mundo enganado

Pois, em vez de pão, só lhe dais canhões…

Eu, poeta me confesso, e quero dizer

Que sois pequenos. Ó grandes da terra

Que se todo este drama estais a ver

E não vos entendeis para o deter

Então, vós sois comparsas nesta guerra!

Erguei os vossos braços e dizei: alto!

Que mais ninguém continue a guerrear,

Acabe-se de vez este sobressalto

Que o perigo do caos já está bem alto…

Alto! Que mais ninguém volte a matar!

(Mas eu, como poeta, estou ficando rouco

E temendo que o mundo esteja louco…)!

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 02/03/2018
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