Vozes

Vozes

Vozes vorazes

Devoram-me

Devoram meu sono

Levam-no de mim

Devolvem os vultos envoltos por um envelope transparente

Transcorrem noite adentro um discurso semi-indecifrável

Desmentem e mentem tanto quanto nada se entende

Entrelaçados com pernas e braços de sons epilépticamentes inignoráveis

Meu sono?

Deu lugar a sede

Uma insaciável vontade

Que apenas

Às vezes

Raramente

Cansa-me

Uma confortável fadiga mental que explode em vontades

Oh! Agora apenas tenho sede

Não posso falar da fadiga

Talvez apenas com ela

Digam-me

Fadiga,

Cansaço,

Exaustão;

Para onde foi

Nesta bela noite

Meu querido sono?

Oh, tempo!

Oh, vozes!

Há tanto tempo ouço vozes

Fantasmas..