Reincidente

Essa guerra que travo

Trava em trevas desagravos

Essas quedas que caio

Fere-me sobre ferimentos de outras quedas

Sucessivamente

E o pouco que faço não é o suficiente

São pesadelos formados por poços escuros

Pelo desamparo do vazio no qual me precipito

Um vácuo negro que me atrai

Inexoravelmente

Essa peça em que atuo

Que me impele a não pensar

No pensar que constitui

O que seria não vagar

Irresistivelmente

Devora-me o senso do ser

De como seria se o fosse

De como existiria em outro viver

Que sequer povoa minha imaginação

Sucessivamente