Quimera

Como músculos aceitam-se bem sob a pele

Eu ensinei Drummond a versar

Enquanto Shakespeare nem sabia ao menos falar.

Criei o antídoto gratuito

Para curar o que chamam de dor

Logo depois de morrer

Enquanto eu o tentava beber.

Mato versões ultrapassadas

De mim mesmo.

Se mordo na língua, o veneno escorre,

Eu tenho hálito de melancia

E troco de pele tida terça-feira.

Bebo vinho importado com

Minha própria desgraça

E caminho lado a lado com

O orgulho que se sou ou estou.

Cobram-se por dores ouvidas

E medem os centímetros da ilusão.

Calculam em centavos os sonhos

Morrer custa, de fato, um milhão.

Eu adormeço com o crepúsculo nascente

E me vou sem hipótese de retorno,

Com unhas rasgo o não ser

E com dentes persigo o que sou

Bebo a loucura com canudinho

E injeto na veia o que sobrou.

O Não Poeta
Enviado por O Não Poeta em 14/02/2018
Código do texto: T6253602
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