INTERVENÇÃO
Diante da escuridão
Que vez ou outra
Toma conta de mim
Encontro uma fresta de luz
Que se torna dançante
Ao longo de kilômetros à frente
Que quanto mais eu ando
Mais ela se afasta.
E no costume de viver no escuro
Meus olhos ardem ao imaginar
Que algum dia aquela luz brilhará mais perto
Me fazendo enxergar o que o coração tenta me proteger
No receio de que eu sinta de mais
Absorva de mais
Sofra de mais.
E ando devagar
Tentando evitar o que não depende de mim
Não dá para não sentir
E por mais que eu ande devagar
A luz muda seu rumo e se aproxima de mim
Sem ter para onde fugir
Me basta aceitar
Que o que vejo
Que o que sinto
Vai além de mim
Vai além de todo o meu esforço para não sentir.
E o inevitável acontece
Mergulho em mar profundo
Onde tudo o que sinto me sufoca
Porque é sempre tudo de mais
Sem equilíbrio
Toma conta por dentro
E devasta
Arrasta para fora de mim
Numa onda tsunâmica
Que o que estiver pela frente
Deixará de existir.