Por quê?
Por quê?
A noite caia mansa e fofa
Amenizando o calor do dia
Trazia consigo um quê de troça
Misturada a inocência e alegria.
Era uma inocência incontida
Talvez de uma infância feliz,
De uma criança muito querida
Provavelmente um aprendiz.
Distanciava-se do iluminado dia.
Galopava com seu escuro véu.
Rasgava a espessa nuvem fria,
Que cobria a imensidão do céu.
Despertava o medo macabro
Nas inocentes mentes tardias,
Mas levava sempre a cabo
De peito aberto o que queria.
Talvez não fosse por maldade
Ou simplesmente sua fantasia.
Lançou-se à procura da verdade:
Porque não podia ficar com o dia.
Sonhava com o calor do sol.
Das cores vibrantes ou frias.
As flores que preenchiam o arrebol
Os jardins de mística fantasia.
Mas pensou bem e sem jeito
Percebeu sua grande heresia,
Como pôde ter tão grande defeito,
Se a noite complementa o dia?
Ester M. Endo