Os contos da Citadela - A súplica do alto clero
Senhor, junto novamente as mãos
Numa súplica em nome de mim e meus irmãos
Os tempos negros de outrora se aproximam
E minam nossa caminhada à redenção.
Há pouco que posso fazer,
Como carne e osso que instituem meu ser
Que me permitem, antes de tudo, clamar por sua decisão.
Algo desfeito há muito já não permanece assim,
Neste túnel onde nenhuma luz ilumina vosso fim,
Vejo uma força conjurar uma calamidade sobre nós
E já ouço sua respiração atroz pairando sobre mim.
Ó, senhor, tenha misericórdia
De todos que semeiam a discórdia sem saber que o fazem;
Dos cegos que assinam nossa sentença;
Daqueles que requisitam sua presença proibida;
Da memória ardida que ateia fogo em nossa calma;
Do déspota odioso que se alimenta de nossa alma;
Da dádiva do nosso começo à calamidade de nosso fim.
Nem sempre foi assim, o senhor recorda?
A bondade corrompida por um sentimento marginal,
Que servia, primeiramente, como barreira contra o mal,
Mas que se voltou contra si mesma e contra o que protegia,
Infiltrando cada uma das camadas com sua torpe energia,
E mudando, de dentro para fora, um coração puro,
Que foi enfim domado pela intrusa escuridão.
Ele está de volta.
E prostrado em meio a velas entrego-lhe meu pedido:
Proteja a Citadela, meu senhor
Estamos a mercê de nosso maior inimigo.