Mil em um

Sou uma multidão enfurecida e ao mesmo tempo

sou um sopro na ferida

Sei ser o equilíbrio e me desequilibrar

num dia ser alguém importante

noutro apenas olhar e passar

Sou o brilho de uma faca cega

que tenta furar indiretamente a luz alheia

Sou a casca do chão de asfalto

suporto o peso sem trincar

Mas derrubo quem bambeia

Sou o saliva da fome , um lirismo meu

Aquarela não me pinta nem borra

da boca do verso poético falta eu

Que com 10 reais vai a forra

Dentro do quarto ou mundo a fora.

Sou o que ela queria

O que ele provocou

O que os outros falam

O que a vida levou

O que restou

Dou vida a morte

Riso ao choro

Abraço ao solitário

Afago o cachorro

Nem azar nem sorte

Trago relatos na memória

marcas no corpo e na alma

anoto num papel

E tudo ganha forma

Tudo vira história.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 31/10/2017
Código do texto: T6158451
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