Era vermelho
Vermelho.
Era vermelho o sangue que escorria por entre as rachaduras.
Um muro. Decadente. Sem sentido.
No fim.
Um absurdo escuro e aterrador.
Não podia sentir mais nada.
Não queria sentir mais nada.
Sentir.
Quantas vezes é preciso morrer por dentro, pra sentir alguma coisa?
Sentir o limite da dor. Carregado de angústia e desespero.
Era uma visão turva da realidade.
Era uma dor dilacerante. Não se podia suportar.
As rachaduras traziam lembranças de que a vida, às vezes, é mesmo essa agonia asfixiante.
Vermelho,
Era a mancha na minha paz.
Vermelho vivo.
Que me matava,
Aos poucos.
Enquanto eu não podia sentir nada.
Eu adormeci. Eu despertei.
Os dias passaram,
Passaram pesados sobre mim.
E ainda uma visão turva da realidade.
Meus olhos que viram tudo.
Meus olhos que não me deixam mentir, ou mentem por mim.
E pelas rachaduras da minha alma, escorria um sangue vivo.
Que me matava,
Aos poucos.
Era vermelho.