Transparência da Madrugada
Quantos gritos escuros exalei
Por um segundo de silêncio
Afogando-me num gole
De cerveja de malte forte
Embriagado-me de Raul Seixas
O máximo que vi
Foram estrelas e um negro profundo
De dez mil anos ou mais
Num horizonte pouco pigmentado
Pintado com pincel de cerdas frouxas
Na tela de um artista desconhecido
Do que servem esses tragos
Essa falta de folego
Essa inquietude cortante
Se é com a morte diária das madrugadas
que de fato acordo
E vivo vicissitudes legais
Que morrem no abrir dos olhos?