BICHO DE PELÚCIA.
BICHO DE PELÚCIA.
Na fechadura do espaço, o silencio tem muitas palavras que invejo
Existem mundos desconhecidos tão parecidos
Gases incognoscíveis geram vidas onde morremos
Idiomas anasalados fazem seu striptease no universo
Aparências de mesquinho tamanho e com grande inteligência
Interferem nas ondas cinéticas do terráqueo indigente
São vozes que não falam, talvez por demais já errarem
Aprenderam a sorrir e a chorar por mimicas e telepatia.
Aqui, aonde o futuro é sorteado por um mero realejo
Isso é alucinação de loucos, como eu, desvalidos
Um dia, mesmo com a herança dessa burrice, funcionaremos
E se os livros sobreviverem, o bicho-homem tornar-se-á menos perverso
Pois o retorno ao subúrbio dos cosmos trará a lembrança da sua negligência
Então na dor da sua certeza e na sua razão residirá um doente
E tardiamente será criado e garimpado para os outros almoçarem
Compreenderá assim, que sua existência não passou de uma epidemia.
Há muitos meios sem fim, muita felicidade em prantos
Se o pensamento falasse não existiriam boas maneiras
Nesse nosso mundinho fantasiado de sonhos, somos bicho de pelúcia
Um comistão de restos com boa aparência e estagnados.
Quiçá a magia do extraterrestre não tenha deuses e santos
Bufa-me que para esse supremacismo não haja fronteiras
E não tenha a vergonha de uma evolução isenta de argúcia
Isso vem do mendigo que pensa, que ainda somos astros iluminados.
CHICO DE ARRUDA.