SENHOR HUMANO.
SENHOR HUMANO.
Nasci filho parido por muitas amas
Robinson Crusoé dos meus mundos
Índio de muitas peles
E negro de todas as cores.
Trago o linguajar de vários idiomas
Dialetos de férteis florestas
Espíritos de incontáveis etnias
E deuses de muitas necessidades.
Meu povo é de todas as espécies e origens
Minha tribo é música de todos os cantos
Minhas raízes foram floradas na seca
E meus ancestrais, veem de um mil e quinhentos.
Arquivo único das minha memorias
Sou um maluco de tantos hospícios
Genuíno selvagem que jamais foi domesticado
Pequeno o bastante para não ser tão grande
Rego os capacetes brancos invés das arvores das lagrimas
Pois estou constantemente nascendo
Enquanto pessoas morrem respirando
E a cegueira não percebe que as diferenças são iguais.
Tenho fogo na língua e TNT no cérebro
Veemência em meus conceitos mutáveis
Com sentimentos múltiplos e tolerantes
E meus ídolos,... Não são de isopor.
Sou um analfabeto de muitos conhecimentos
Um leigo com pouca essência
Sou um aluno das minhas escolas
Um pesadelo no sonho do sonhador
Sou uma vida carregada de mortes
Um vilão e herói ao mesmo tempo
Sou um caubói de paraísos metálicos
E que ainda usa caneta e papel como armas de trabalho.
Sou um senhor humano de tantos universos
Com uma liberdade adquirida na nascença
Sou uma colônia de inexplorável riqueza
Mas acima de tudo, sou um brasileiro de muitas culturas.
CHICO DE ARRUDA.