RESPEITÁVEL DOENTE.
RESPEITÁVEL DOENTE.
Sê bem-vindo em suas cidades embrulhadas
Presente de seus paraísos cimentados e metálicos
Miseráveis sociedades tecidas com laços de sangue e desgraças
Homens-robôs têm suas vidas aparelhadas
Congestionadas no progresso de emoções sem encefálicos
Onde os choros de suas alegrias têm o sabor de mil cachaças
Com seus finos ares submissos e requintados de veneno
Os modernos vampiros ilustrados de frustrações
Sofrem com o sangue amargo e a língua de cocaína
Dessa gente intoxicada e modificada comendo seu feno.
Quantas civilizações foram extintas e nasceram dessas atrações!
A nossa raça, nesse mundo, não passa de mera clandestina.
O papel que te compra e te dá prazer
É o mesmo escolhido pelo homem que vale a pena matar ou morrer.
Inventam armas, doenças, usinas e bombas nucleares
Contaminam a fauna, a flora, seu habitat e se acham espetaculares
Disputam os louros de suas descobertas fenomenais
Mas somente patenteiam que são os piores dos animais
O cão que guarda em seu cofre sua própria vacina antirrábica.
É ilusório pensar e ensinar que se é especial e inteligente
Se concretamos a vida, extinguimos povos e idiomas e o meio
Em verdade o homem ainda é uma especiaria sem recheio
Uma evolução da matéria e anti-matéria, um respeitável doente
E germina sua descendência numa humanidade idiopática.
Quando sua biológica engrenagem falhar e endurecer
O mundo que te enterra tornará, novamente, a amanhecer
Novos modelos mais avançados pediram perdão por sua existência
Outros mundos nascerão nulos dessa violência
Dar-nos-ão a esperança tirada por tanta ganancia
E a nossa lembrança e exemplo será um sinistro sem importância.
CHICO DE ARRUDA.