RESPEITÁVEL DOENTE.

RESPEITÁVEL DOENTE.

Sê bem-vindo em suas cidades embrulhadas

Presente de seus paraísos cimentados e metálicos

Miseráveis sociedades tecidas com laços de sangue e desgraças

Homens-robôs têm suas vidas aparelhadas

Congestionadas no progresso de emoções sem encefálicos

Onde os choros de suas alegrias têm o sabor de mil cachaças

Com seus finos ares submissos e requintados de veneno

Os modernos vampiros ilustrados de frustrações

Sofrem com o sangue amargo e a língua de cocaína

Dessa gente intoxicada e modificada comendo seu feno.

Quantas civilizações foram extintas e nasceram dessas atrações!

A nossa raça, nesse mundo, não passa de mera clandestina.

O papel que te compra e te dá prazer

É o mesmo escolhido pelo homem que vale a pena matar ou morrer.

Inventam armas, doenças, usinas e bombas nucleares

Contaminam a fauna, a flora, seu habitat e se acham espetaculares

Disputam os louros de suas descobertas fenomenais

Mas somente patenteiam que são os piores dos animais

O cão que guarda em seu cofre sua própria vacina antirrábica.

É ilusório pensar e ensinar que se é especial e inteligente

Se concretamos a vida, extinguimos povos e idiomas e o meio

Em verdade o homem ainda é uma especiaria sem recheio

Uma evolução da matéria e anti-matéria, um respeitável doente

E germina sua descendência numa humanidade idiopática.

Quando sua biológica engrenagem falhar e endurecer

O mundo que te enterra tornará, novamente, a amanhecer

Novos modelos mais avançados pediram perdão por sua existência

Outros mundos nascerão nulos dessa violência

Dar-nos-ão a esperança tirada por tanta ganancia

E a nossa lembrança e exemplo será um sinistro sem importância.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 03/08/2017
Código do texto: T6073577
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