DELÍRIOS
Exposto a mesa meus livros corroidos
Direito, crônicas e filosofia
Desbotados e pelas traças consumidos
Restando apenas rabiscos de poesias.
Sobre a mesa ainda, meus pensamentos
Manchados na tinta nanquim da caneta de pena
Fragmentos comuns a um ser fragmentado
Delírios que punem bem mais que a própria pena
Me vejo em silhuetas a parede
Um velho dançando a luz de vela
Me saciam os etílicos a sede
Me consomem os " opios" as veias
Abro a janela para entrar a fresca
Me invadem os tímpanos gritos infantis
Chove... Chove e as crianças brincam
Me vêm a memória os "meus juvenis "
Contemplo a correria maravilhado
Interroga me a alma quem sou.
Responde-me " ego" embaralhado
"és da guerra o infante que restou "
Em meio ao devaneio das químicas
Rompe-se a realidade como em lacre
Na inocência das infantis mimicas
Voltam os sentidos como um milagre.
Curva-se o velho já cansado
Aparando a lágrima que rolou
GRITA ME O EGO EMBARALHADO
ÉS DA GUERRA O INFANTE QUE RESTOU....