O LAVRADOR
És para mim
capim
mato
destes que racham
asfalto
concreto
e tingem verde
o deserto
cinza
da cidade;
bastam-te
sol e água,
ainda que te pise
te arranque
finca-te
no meu coração
feito desespero
a golpes de enxada
me firo te aro
suo sangue
deliro
persigo nesta mata
inútil
uma flor
que não brotará
a pouca beleza
desta praga
é a única coisa
com cor
de significado
na terra infértil
do meu eu
plantando o grão
do pão
que o diabo comeu.