O LAVRADOR

És para mim

capim

mato

destes que racham

asfalto

concreto

e tingem verde

o deserto

cinza

da cidade;

bastam-te

sol e água,

ainda que te pise

te arranque

finca-te

no meu coração

feito desespero

a golpes de enxada

me firo te aro

suo sangue

deliro

persigo nesta mata

inútil

uma flor

que não brotará

a pouca beleza

desta praga

é a única coisa

com cor

de significado

na terra infértil

do meu eu

plantando o grão

do pão

que o diabo comeu.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 07/02/2017
Código do texto: T5904825
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