Cálice

Sobre o escasso céu,

a noite, a tirania das estrelas.

Sobre a fronteira do léu,

o açoite, o vil das querelas.

Uma lanterna vaga divagando silêncios de luz.

Uma mortalha encharcada de rumores cinzas do além.

Sobre o escarceú,

a poeira fria e transparente do sigilo do povo.

Sobre o vulto no véu,

o sorriso esmaecido e camuflado com um destino novo.

A rota da entrega desviada pelo furto da razão.

A emoção escancarada, não.

Recolhida pelos olhos alheios, juizes em vão.

Sobre o futuro destroçado,

o caroço chupado,

o pescoço virado, o lado apreciado,

desvirtuando o estigma da atenção.

Vento lento,

Sóbria enchaqueca do arrependimento.

Movimento,

cálice de saliva,

vozes na mulltidão.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 01/08/2007
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