Cálice
Sobre o escasso céu,
a noite, a tirania das estrelas.
Sobre a fronteira do léu,
o açoite, o vil das querelas.
Uma lanterna vaga divagando silêncios de luz.
Uma mortalha encharcada de rumores cinzas do além.
Sobre o escarceú,
a poeira fria e transparente do sigilo do povo.
Sobre o vulto no véu,
o sorriso esmaecido e camuflado com um destino novo.
A rota da entrega desviada pelo furto da razão.
A emoção escancarada, não.
Recolhida pelos olhos alheios, juizes em vão.
Sobre o futuro destroçado,
o caroço chupado,
o pescoço virado, o lado apreciado,
desvirtuando o estigma da atenção.
Vento lento,
Sóbria enchaqueca do arrependimento.
Movimento,
cálice de saliva,
vozes na mulltidão.