O MILAGRE DO LIXO
“Arrumação de fim-de-ano”
Considerado preocupante o lixo italiano –
Há dois anos chumbado como corrosivo –
Afinal considerou-se que é inofensivo
Ficando para “arrumação de fim-de-ano”.
Não foram detetados níveis de perigo
E, estando garantida a “mínima” qualidade,
Irá para um aterro sem perigosidade
Como que para um mausoléu e um abrigo.
Em menos de um fósforo milagre aconteceu
Tendo a Inspeção-geral cumprido o seu dever…
Ao Santo António vai agora agradecer,
Solicitando que as cinzas subam para o céu…
Bendita traficância, do Minho aos Algarves,
Que recriou do lixo uma árvore de patacas
E mesmo que do fruto saiam almas fracas,
Quem sabe, surgirão delas outros milagres.
“Brandos costumes” é a bitola do País
Que assim vai permitindo, mesmo a céu aberto,
O vil encantamento de quem é chico-esperto
Não havendo quem corte o mal pela raiz …
Será que este fadário virou em paranoia
Ou será, apenas, um banal cavalo de Tróia?
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA